Nasci na década de 80. Portanto, já nasci na democracia. Claro que a democracia não se faz de um dia para o outro, nem de uma década para a outra com tanta facilidade. Mas, nasci na democracia. E ponto. Não me peçam para pensar diferente, nem para agir de outra forma. Não sei pensar senão no modelo social democrático.
E também não tenho disposição nenhuma para aprender a viver de outro jeito sem ser em uma democracia.
Passamos por um feriado nacional no qual temos "orgulho" de afirmarmos como uma sociedade onde a liberdade impera. Quisera eu que isso fosse verdade. Mas, a cada dia que passa venho observando como nossa democracia está sendo manchada pelo lastro perverso da privação de direitos.
É abusivo como nos negam, a cada dia , o direito à informação. Informação de qualquer natureza. Somos bombardeados por noticiários que nos empurram goela abaixo um arsenal de inverdades, ou de verdades distorcidas, e ainda por cima, em meio a caras e bocas, nos atropelam com informações fúteis e frívolas. Ainda por cima nos dão uma "boa noite" patética que nos anuncia cenas de nossa novela favorita... santo remédio para que nos esqueçamos das tragédias cotidianas narradas por aqueles que selecionam no tom de sua voz e na feição de seus rostos o tamanho de nossa reação frente à um “fato”.
Mas não me dou por vencida. Já nasci na democracia. Não me venham impor outro modelo. Não me venham dizer em que devo acreditar ou não. Não me venham determinar o que devo achar certo ou errado. Não me venha dizer o que devo pensar, ou como devo falar. Não me venham mostrar uma realidade moldada e forjada a partir das idéias hipócritas de uns falsos intelectuais.
Nasci na democracia. Uma democracia frágil, mas uma democracia. Não me “peçam” para traçar minha vida de outro jeito.
Me despeço sem com um “boa noite” sem caras e bocas!
