Veja abaixo alguns tópicos que considero em minha intervenção sobre “Como preparar a escola para receber o
estudante com necessidades especiais”
O mundo não é. O mundo está sendo - Paulo Freire
1 - Pensar a Educação Inclusiva requer conhecer o histórico que justifica a reflexão sobre a inclusão!
- · Crença: A
pessoa diferentes seria mais bem cuidada
e protegida se confinada em ambiente separado. Proteger a sociedade dos
“anormais”. (Asilos e manicômios).
- ·
Século XVI: Médicos e pedagogos questionam a situação de “ineducáveis”.
- ·
A institucionalização da escolaridade
obrigatória: Incapacidade da escola em responder pela aprendizagem de todos os
alunos (Sec XIX)
- ·
Em resposta à incapacidade da escola de educar a
todos: Classes e escolas especiais em oposição às instituições residenciais
(Pós as duas grandes guerras mundiais)
- ·
Metade do
séc XX - Montagem da indústria da
reabilitação para tratar mutilados de guerra
- ·
SEGREGAÇÃO: Sistema paralelo ao sistema
educacional geral.
- ·
INTEGRAÇÃO ESCOLAR: Todas as crianças com
deficiências teriam o direito inalienável de PARTICIPAR de todos os programas e
atividades cotidianas que eram acessíveis para as demais crianças (Movimentos
Sociais pelos direitos humanos – Década de 1960) à base moral
(direito de todos) à
base racional (benefícios da integração) à bases empíricas (pesquisas educacionais e re-visão
do termo educável o do espaço destinado à aprendizagem) à Base política
(Movimentos sociais e luta pelos direitos) à Base econômica ( Altos custos dos programas esfregadores – crise do
pretório – países desenvolvidos)
- ·
PRINCÍPIO DA NORMALIZAÇÃO: Origem nos países
escandinavos com Bank-Mikkelsen e Nirje que questionaram o abuso das
instituições residenciais e das limitações deste estilo de vida. Estilo de vida
normal à cultura. Chega a América do Norte e Europa a partir das propostas de
Wolfensberger (conceito de normalização dos estilos de via e serviços) à
configurou-se como princípio filosófico de valor e não como teoria científica =
assegurar que as pessoas experienciassem
com dignidades e respeito individual situações e praticas apropriadas
para sua idade com o máximo possível de participação.
- ·
1980 o principio de normalização ganha o mundo e
dele decorre a Integração Escolar. Contudo, questionava-se sobre os meios de
operacionalizar esse princípio. FOCO: Preparar o individuo com deficiência para
a vida em sociedade.
- ·
A palavra ITEGRAÇÃO deriva do latim INTEGRARE,
do adjetivo INTEGER = INTACTO, NÃO TOCADO OU ÍNTEGRO. Novo sentido = COMPOR,
FAZER UM CONJUNTO, JUNTAR AS PARTES SEPARADAS
- ·
Crítica ao princípio normalizador: a passagem de
alunos com necessidades educacionais especiais de um serviço mais segregador
para um integrador dependia unicamente do progresso das crianças sem mecanismos
externos que viabilizassem.
- ·
INCLUSÃO ESCOLAR: 1ª tese – iniciativa promovidas por agências
multilaterais, que são tomadas como marcos mundiais na história do movimento
global de combate à exclusão social. 2º tese – surgiu como forma mais
focalizada nos Estados Unidos e, por força da penetração da cultura desse país,
ganhou a mídia e o mundo ao longo da década de 1990.
- o
Contexto Estados Unidos: substituir o termo
INTEGRAÇÃO utilizado ainda, inclusive na Europa, pelo termo INCLUSÃO como a ideia de colocação
de alunos com dificuldades prioritariamente nas classes comuns. ( Alunos
considerados de risco compunham cerca da metade da população escolar daquele
país) à bifurcação: “Educação inclusiva” e “Inclusão
total”.
- ·
MARCOS MUNDIAIS:
- o
1990 Conferência Mundial sobre Educação para
Todos – Banco Mundial, UNESCO, UNICEF, PNUD - Jomtien/Tailândia (2% da
população com deficiência com atendimento em qualquer modalidade educacional –
em países pobres ou em desenvolvimento)
- o
1994 – Conferência Mundial sobre necessidades
Educacionais Especiais: acesso e qualidade = Declaração de Salamanca (1997)
- o
PRINCIPIO DA INCLUSÃO: Proposta da aplicação
prática ao campo da educação de um movimento mundial, denominado inclusão
social, que implicaria a construção de um processo bilateral no qual as pessoas
excluídas e a sociedade buscam, em parceria, efetivar a equiparação de
oportunidades para todos – reconhecimento político das diferenças.
- ·
PARADIGMA DA INCLUSÃO: Globaliza-se e torna-se,
no final do século XX, palavra de ordem em praticamente toas as ciências
humanas. (1998)
CONFLITOS E VELHAS CONTROVÉRSIAS:
o
A inclusão é para todos, ou só para alguns?
o
A inclusão significa colocação integral na
classe comum ou pode-se combinar a colocação na classe comum com situações
especializadas de aprendizagem?
o
A inclusão prioriza a aprendizagem social e as
amizades ou o desempenho acadêmico bem sucedido?
o
A inclusão será prejudicial ou positiva para os
alunos sem “limitações”?
o
As experiências empíricas sustentam ou não a
inclusão?
Tais questionamentos encontram-se em um antigo
dilema sobre qual é a natureza e o propósito da escolarização em si, e que,
enquanto a inclusão poderia se parte de um debate maior sobre a função da
escola, ela ainda se detém em onde e como os indivíduos podem aprender melhor.
2 - Perspectivas da
inclusão escolar na realidade brasileira:
·
Iniciativas isoladas e precursoras já no séulo
XIX fora do sistema educacional geral.
·
1950 – Movimentos comunitários que culminaram
com a implantação de redes de escolas especiais privadas filantrópicas.
·
Integração espontânea ou não-planejada: tipos mais bandos de deficiência tenha smpre
tido alguma oportunidade de acesso à escola comum em países com cobertura
deficitária.
·
1970: Ampliação do acesso à escola para a
população e geral, da produção do fracasso escolar e da consequente implantação
das classes especiais nas escolas públicas.
·
A institucionalização da educação especial no
Brasil se deu no auge da hegemonia da filosofia de normalização no contexto
mundial.
·
1990 Emerge o discurso da Educação Inclusiva
(aprox. 30 anos de politica de integração)
·
DESAFIOS:
o
Acesso – a maioria (cerca de 6 milhões de
crianças e jovens com necessidades educacionais especiais encontram-se fora de
qualquer tipo de escola)
o
Educação não apropriada – falta de profissionais
especializados ou falta generalizada de recursos.
o
Privatização x oferta no sistema público –
filantropia x classes especiais de escolas comuns
o
Produção científica com base em experiências e
depoimentos e estudos de casos não permitem avaliar o impacto da política
educacional.
o
Tendências generalizantes das políticas públicas
– federais, estaduais, municipais
o
Tema demasiadamente complexo e relativamente
novo.
A Educação Inclusiva não é. Não está posta. Está em
movimento!
o Acesso a Educação – obrigatoriedade –Requer acolhimento
o Não basta o Acolhimento – É necessário
garantir condições efetivas de aprendizagem e desenvolvimento de suas
potencialidades – Requer conhecer os
sujeitos e suas particularidades
o Como então preparar a escola para receber
alunos com necessidades especiais?
o
1.
Conhecer-SE:
Enquanto profissional subjetivo e coletivo
Enquanto instituição de ensino – pública ou privada
Enquanto sociedade e numa dimensão política
Enquanto ser humano num processo de humanização heteronômica
2.
Com-Viver:
Com as possibilidades das diferenças
Com a pluralidade de saberes e fazeres
Com as singularidades do plural
Com novos sujeitos de direito
Com os desafios e com a construção de respostas
3.
Ser –
Institucionalizar a inclusão
Potencializar a construção de uma Escola em interface
com diferentes contextos: políticos, sociais, culturais, econômicos.
Romper processos de marginalização, assistencialismo e
reabilitação
Questionar-se enquanto escola, professor (a),
questionar práticas e problematizar relações e interpelações
Repensar linguagens, estruturas materiais e imateriais
4.
Fazer
... diferente e fazer a diferença
Por meio de estudos de casos – Caso a Caso
Construção coletiva de intervenções pedagógicas
Busca de parcerias, redes, assessorias, trocas
Cobrar serviços complementares
Dialogo constante – são vários os atores deste
processo
Remendo novo em roupa velha... Odre novo...
vinho velho?
UMA NOVA ESCOLA É POSSÍVEL E NECESSÁRIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MENDES, Enicéia
Gonçalves. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Revista
Brasileira de Educação, v. 11, n. 33, p. 387-405, 2006.
SANCHES, Isabel; TEODORO, António. Da
integração à inclusão escolar: cruzando perspectivas e conceitos. Revista
Lusófona de Educação, v. 8, n. 8, 2006.
FRIAS,
Elzabel
Maria Alberton;
MENEZES, Maria Christine Berdusco.
Inclusão Escolar do Aluno com Necessidades Educacionais Especiais:
Contribuições ao professor do ensino regular. 2013.